terça-feira, 10 de julho de 2012

Um lugarzinho no meio do nada...


Com a consolidação da cidade de São Paulo como maior centro econômico e financeiro do país, o distrito de Pinheiros teve algumas de suas áreas escolhidas pela elite mais rica da cidade para fixar residência. Dentre estas áreas, uma rua em especial chama muito a atenção com o seu ar bucólico, quase que interiorano, com suas casas coloridas, muitas árvores, diversos tipos de pássaros... e por enumeras vezes locação para comerciais de tv.


No coração do bairro de Pinheiros, encontra-se a Rua Ernest Friedrich Jost – antiga Travessa da Costa Carvalho. Pequena, charmosa e com alguns moradores que ali residem desde sua fundação, em março de 1952. Quando estas pessoas se mudaram para esta rua, cujas casas foram entregues pelo então prefeito da época, o sr. Adhemar de Barros, ela não era asfaltada (o asfalto foi pago pelos moradores) não existiam árvores, e os bois vindos de Cotia, e que passavam pela Estrada da Boiada, hoje Avenida Diógenes Ribeiro de Lima, circulavam por esta rua sendo que em algumas ocasiões eles escapavam e corriam atrás do moradores.
Nesta mesma rua, durante o mês de junho os moradores reuniam-se e faziam sua tradicional festa junina, com direito a pau de sedo, fogueira, comidas típicas e muita música.
Os mais antigos, que ainda aqui residem, lembram-se perfeitamente dos finais de tarde onde formavam-se rodinhas para colocar o “papo” em dia; lembram-se de que as compras feitas na região do Largo da Batata, eram entregues em chalanas. 


E a molecada! Ah! A molecada!! Eles tinham a liberdade de brincar sem perigo, sempre com os seus pais observando mesmo numa época onde o único perigo real eram as doenças infantis, e não esta violência que insiste em assolar nossos lares.
Além de poderem brincar nesta rua, eles tinham um campinho de futebol, onde hoje temos a Igreja Mãe do Salvado (Cruz Torta). Era o Brasil Unido, por onde passaram tantos “jogadores/moradores” ilustres: O Eurico, filho da Dona Maria e do Seu Francisco, onde hoje mora o Rodrigo; O Vildener, filho da Dona Norma e do Seu Jose, onde hoje reside o seu Francisco e sua esposa Dona Teresa. Vinham até garotos de outras ruas, como o Fernando, filho do DR. Barraquet morador da rua Costa Carvalho. Até o jornalista Silvio Luis, da tv Bandeirante, ficava espiando os craques de uma época, eu infelizmente não volta mais.
Os anos seguiram a passos largos. O asfalto foi trocado várias vezes, as árvores até então inexistentes cresceram, assim como as crianças, e principalmente, o entorno da agora Rua Ernest Friedrich Jost (reza a lenda que ele foi um dos donos da Faqueiros Meridional). Junto com o crescimento destas crianças, veio o desenvolvimento imobiliário, que antes era amplamente residencial, e que hoje da lugar ao comércio, e a verticalização sem precedentes. E infelizmente eles trazem o filho “não grato” na qual chamamos de violência.


O intuito deste blog é que cada um fale um pouco sobre a sua relação de amor e ódio, de Pinheiros e da nossa rua. Este blog foi criado para que cada um coloque sua impressão, mas não uma única vez e sim sempre que sentirem vontade.
Escrevam com palavras ou com imagem; critiquem, justifiquem, chorem e sorriam. Este é o nosso blog!! É o blog dos moradores que querem resgatar, e desta vez preservar aquele clima bom dos anos 50, onde a nossa maior preocupação era planejar o nosso futuro.


Com sabor de chocolate, e cheiro de terra molhada...





Era uma vez...






No ano de 1562, houve um forte ataque de índios inimigos à vila de São Paulo de Piratininga, que foi repelido pelos moradores e pelos índios catequizados. Após a agressão, foi erguido pelos portugueses o forte de Embuaçava, à margem do rio Tietê, perto da foz do rio Pinheiros. Os índios da cidade então vão para um local conhecido como Nossa Senhora dos Pinheiros. Embora muitos duvidem que houvesse pinheiros por aquelas bandas, o fato histórico é que em 1584 um decreto da Câmara previa uma multa de 500 réis para quem cortasse qualquer árvore do Bosque dos Pinheiros da Rua São José (atual Paes Leme).
A região de Pinheiros possuía também uma boa quantidade de quilombos, os esconderijos e moradas dos escravos que fugiam de seus senhores e lá se instalavam devido às boas condições oferecidas pelo bairro com sua abundância de terrenos baldios e mato muito espesso. Nesses quilombos também se abrigavam assaltantes que atacavam viajantes que passavam por Pinheiros, por volta do século XVIII.
Por volta de 1600, o Caminho de Pinheiros era um dos principais da vila de São Paulo - hoje, Rua da Consolação. Esse era o único acesso à aldeia indígena, pois outras ficavam distantes.



É interessante notar que sempre houve uma ponte para travessia do rio Pinheiros. Em 1865 essa ponte, frequentemente destruída por enchentes, teve solução definitiva com a construção de uma de estrutura metálica.
O progresso foi chegando lentamente à região de Pinheiros e só se estabeleceu mesmo no final do século 18, quando a capital experimenta o desenvolvimento - a partir do dinheiro da exportação do café. Seguem para esta região, imigrantes de várias nacionalidades, principalmente italianos e, anos mais tarde japoneses. Por volta de 1920 é fundada a Sociedade Hípica Paulista, que veio aumentar ainda mais o movimento nas imediações. O bairro firma-se como uma região de classe média, com um intenso comércio e um grande número de indústrias.

Cinco anos antes, em 1915, foi firmado um acordo entre o governo do estado de estado de São Paulo e a Fundação Rockefeller para a construção da sede da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Esse acordo também previa a criação de um hospital para ser utilizado no aprimoramento dos estudantes e ao mesmo tempo no atendimento da população mais carente da capital paulista e até do interior do estado. Este hospital, que por uma série de dificuldades começou a ser construído apenas em 1938, foi chamado de Hospital das Clínicas e foi inaugurado oficialmente em 19 de abril de 1944. O hospital ainda é um dos principais da cidade e é considerado o maior complexo hospitalar da América Latina